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A Reforma Tributária e o Simples Nacional

 4 Mudanças Surpreendentes que Todo Empreendedor Precisa Saber

O Simples Nacional é o regime tributário que abrange a esmagadora maioria das empresas no Brasil, entre 75% e 90% do total, e é amplamente conhecido por sua simplicidade. No entanto, a Reforma Tributária, promulgada pela Emenda Constitucional nº 132 em 2023, está prestes a transformar profundamente essa realidade. Para os pequenos negócios, a mudança introduz uma nova camada de complexidade e a necessidade de decisões estratégicas inéditas.

Este artigo revela os 4 pontos mais impactantes e contraintuitivos que todo optante pelo Simples Nacional precisa entender para se preparar para as mudanças que começam em 2026. 

  1. O “Simples” não será mais tão simples: surge uma escolha decisiva

A principal mudança para as empresas do Simples Nacional é a introdução de uma escolha sobre como recolher os novos tributos: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que é federal, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de competência estadual e municipal. Juntos, eles substituem PIS, COFINS, ICMS e ISS. A partir da reforma, o empreendedor terá duas opções:

  • Opção 1 (Dentro do Simples): Continuar recolhendo a CBS e o IBS de forma unificada, através do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). Nesse modelo, as alíquotas continuam progressivas de acordo com o faturamento, mas a empresa não terá direito de se apropriar dos créditos tributários gerados em suas compras. Crucialmente, o crédito repassado ao cliente (caso ele não seja do Simples) será limitado ao pequeno valor efetivamente pago dentro do DAS, e não à alíquota cheia dos novos tributos.
  • Opção 2 (Fora do Simples): Apurar a CBS e o IBS separadamente, seguindo as regras do regime normal de tributação. Esta opção permite que a empresa utilize os créditos gerados na compra de insumos e serviços, mas em troca de uma maior complexidade administrativa e contábil.

Essa bifurcação quebra a lógica histórica do Simples Nacional de ser um regime “tudo em um”, marcando o fim da gestão tributária passiva para as PMEs. A apuração de impostos se transforma em um verdadeiro dilema estratégico anual, que não pode ser alterado durante o ano-calendário.

A decisão entre continuar no Simples unificado ou apurar os novos tributos por fora é o primeiro grande desafio imposto pela reforma tributária. É um momento de profunda reflexão e análise, onde a “simplicidade” do regime cede espaço para a necessidade de uma gestão fiscal ativa e informada. É crucial que o empresário entenda que a escolha errada pode custar caro, enquanto a escolha certa pode ser um diferencial competitivo. 

  1. Sua estrutura de custos definirá seu caminho tributário

A decisão entre permanecer com a apuração unificada ou migrar para o regime normal de CBS e IBS depende fundamentalmente da estrutura de custos da sua empresa. A análise se divide em dois cenários principais:

  • Empresas com altos custos operacionais: Negócios que compram muitos insumos, matéria-prima, gastam com energia elétrica, aluguéis e materiais têm um grande potencial para gerar créditos de CBS e IBS. Para essas empresas, optar por apurar os novos tributos “por fora” do Simples pode ser muito vantajoso; a apuração por fora se torna uma ferramenta de alavancagem fiscal para aumentar a margem de lucro, pois o volume de créditos pode reduzir significativamente a carga tributária líquida.
  • Empresas com alto custo de folha de pagamento: Para empresas de serviços, como escritórios de advocacia, consultorias ou clínicas médicas, cujo principal custo é a folha de salários, a situação é diferente. A folha de pagamento não gera direito a crédito de CBS ou IBS. Portanto, para esses negócios, a complexidade adicional de apurar os tributos por fora pode não compensar, tornando a permanência no regime unificado do DAS a escolha mais racional.

A mensagem aqui é clara: o planejamento tributário deixa de ser um “custo” e se torna um investimento estratégico. Conhecer a fundo a composição dos seus custos é o primeiro passo para navegar com sucesso nas águas da reforma tributária. 

  1. O perfil do seu cliente agora é um fator fiscal decisivo

A sua escolha tributária não dependerá apenas da sua estrutura interna de custos, mas também será diretamente influenciada pelo perfil dos seus clientes. A decisão estratégica deve considerar para quem você vende.

  • Vendas para outras empresas do Simples: Se a maior parte dos seus clientes também é optante pelo Simples Nacional, eles não se apropriam de créditos tributários. Nesse caso, não há nenhuma vantagem competitiva em sair do regime unificado para oferecer um crédito que seu cliente não pode usar. A simplicidade e a previsibilidade de permanecer no DAS se torna a melhor escolha.
  • Vendas para grandes empresas (Lucro Real): O cenário se inverte completamente se o seu foco são grandes corporações. Essas empresas buscam ativamente fornecedores que possam lhes repassar o crédito integral de CBS e IBS para reduzir a própria carga tributária. Um fornecedor do Simples que não oferece esse crédito integral pode perder competitividade, sendo preterido em licitações ou contratos corporativos onde a eficiência fiscal é um critério de seleção decisivo.

Para prosperar no novo cenário da reforma tributária, o empreendedor precisa mapear sua carteira de clientes e entender o impacto fiscal que ele gera para cada um. Essa análise de cadeia de valor é o que definirá se a sua empresa deve ou não migrar para fora do Simples.

  1. A Transparência Fiscal Deixa de ser Opção e Vira Ativo Estratégico

A reforma impõe uma mudança cultural e operacional significativa: a transição da “tributação por dentro”, onde os impostos estão embutidos no preço final (como no Simples atual), para a “tributação por fora”.

Para quem optar por apurar a CBS e o IBS no regime normal, os impostos deverão ser destacados explicitamente na nota fiscal. Isso exige uma adaptação imediata de sistemas de gestão (ERPs) e da forma como os preços são comunicados ao mercado. Mais importante, impõe uma nova dinâmica no relacionamento com os clientes, onde a transparência fiscal e a negociação sobre o repasse de créditos se tornam um ativo estratégico fundamental para o negócio.

A reforma tributária força o empreendedor a ser transparente sobre sua carga tributária, transformando a informação fiscal em uma ferramenta de negociação e confiança.

A clareza sobre o que está sendo pago e o que está sendo creditado não é apenas uma obrigação legal, mas uma oportunidade para demonstrar profissionalismo e eficiência. 

Conclusão: Um novo horizonte estratégico para as pequenas empresas

A Reforma Tributária não elimina o Simples Nacional, mas o transforma em um regime com uma nova e importante camada de complexidade estratégica. A simplicidade automática do passado dará lugar a uma análise criteriosa e anual, fundamental para a saúde financeira e a competitividade do negócio.

A reforma tributária não elimina o Simples Nacional, mas o reconfigura profundamente, introduzindo uma nova camada de complexidade na decisão tributária do pequeno empresário. A opção entre permanecer no regime unificado ou sair dele para CBS e IBS não é meramente contábil: é uma decisão estratégica que envolve análise de custos, compreensão da cadeia de valor e planejamento de longo prazo.

Com 2026 já exigindo as primeiras simulações e obrigações acessórias, a pergunta não é se, mas como sua empresa vai se preparar. A análise proativa da sua operação, custos e clientes não é mais uma opção, mas uma necessidade para prosperar no novo ambiente fiscal brasileiro.

Lembre-se: a mudança traz consigo a oportunidade. Encare a reforma tributária não como um fardo, mas como um convite para elevar o nível de gestão do seu negócio.

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